“Prova o verbo” surge numa tentativa de, tendo por matéria os provérbios portugueses e a mensagem subliminar que os revestem, criar, através do recurso a cores, figuras geométricas e excêntricas que se afastam do real, uma nova perspetiva destas expressões do quotidiano.
Os provérbios consistem em expressões que percorrem as gerações na boca da sociedade e cuja origem surge da experiência humana transmitindo assim sabedoria por terem subjacente a si uma lição. Contudo, desta simplicidade surge uma outra versão onde o imaginário prevalece, ridicularizando e seguindo-se à letra as palavras utilizadas nestas expressões.
Numa sociedade que permanentemente aplaude com desdém tudo o que “vem de fora”, menosprezando a cultura portuguesa, esta série visa dar uma nova roupagem ao que é tradicional, relembrando que a galinha da vizinha nem sempre é melhor que a minha (nossa).
2024. Os Bravos
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Inaugurada
no espaço íntimo de um quarto num apartamento em Arroios, Lisboa, "Os
Bravos" título inspirado na música de Zeca Afonso, mote para o
conteúdo das suas peças e que serve como ponto de partida para a exploração de temas
profundamente enraizados na memória coletiva portuguesa e na atualidade
política e social.
Através
de cores fortes e intensas, as obras capturam a energia vibrante associada à urgência de uma luta que ainda não terminou. O núcleo criativo da exposição é constituído por pinturas figurativas - os “netos de abril” - indivíduos fictícios que
nascem no pós-25 de Abril, num contexto de liberdade. Essas personagens
carregadas de simbolismo, representam uma geração consciente da necessidade de preservar os cravos da revolução, emergindo das suas formas símbolos de uma
liberdade inata, mas frágil. O
artista utiliza esta linguagem visual para apelar à preservação da liberdade,
sublinhando a necessidade de uma vigilância constante num momento em que os
valores democráticos enfrentam novas ameaças. "Os Bravos" não
é apenas uma homenagem ao passado; é um chamamento à ação no presente, uma
recordação de que a conquista da liberdade é um processo contínuo e coletivo. Mais
do que um espaço de contemplação, o quarto transformou-se num ambiente onde o espaço
e o tempo foram desconstruídos. O som foi um elemento central na criação
desta experiência imersiva, com uma composição concebida por Vasconcelos e
Francisco Nina, que ampliou a carga emocional e simbólica da exposição.
Utilizando sintetizadores, interferências e excertos de áudio marcantes ( a
marcha da música Grândola Vila Morena, o discurso do Capitão Salgueiro
Maia no cerco ao Quartel do Carmo, o poema As Portas que abril Abriu de
Ayres dos Santos, e a música Os Bravos de Zeca Afonso) a composição
sonora transporta os visitantes para um lugar onde a memória e a atualidade se
cruzam.
Esta
conjugação de elementos visuais e sonoros cria uma atmosfera carregada de
intenção que convida à reflexão. O artista, ao
revisitar o passado para dialogar com o presente, constrói uma narrativa que
reforça a urgência de lutar pela preservação da liberdade, mostrando que os
ideais de abril não podem ser dados como garantidos.
"Os
Bravos" transforma o espaço doméstico num palco de resistência e esperança,
provando que a arte tem o poder de relembrar e mobilizar.